Pensamento

Mais tarde ou mais cedo vamos nos encontrar......e depois perceberemos quem somos!

Um livro surpreendente pela positiva, é o Santo Sudário de David Zurdo e Angel Gutierrez, uma descrição histórica e científica que considero soberba, intercalada no tempo, antiguidade, AC e DC, e contemporanidade. É igualmente, diversa geograficamente com as características de uma vasta e exaustiva investigação histórica. Prendeu do princípio ao fim. Para ateus, agnósticos e crentes, um livro extremamente elucidativo.

José Eduardo Agualusa [Alves da Cunha] nasceu no Huambo, Angola, em 1960. Oferece-nos um livro sonhador. A Sociedade dos Sonhadores Involuntários, foi uma surpresa, ou talvez não, em dois simples dias li este livro muito bem escrito e que relata de um modo criativo e extremamente imaginativo, a recente luta levada a cabo em Angola por jovens como Luaty Beirão e outras personagens, que através de sonho, amizade e da comum apetência pela liberdade lutam contra o poder autocrático em vigor em Angola.

Primo Levi foi um químico e escritor italiano. Escreveu memórias, contos, poemas, e novelas. É mais conhecido por seu trabalho sobre o Holocausto, em particular, por ter sido um prisioneiro em Auschwitz-Birkenau. Seu livro É isso um Homem? ou Se Isto É um Homem é considerado um dos mais importantes trabalhos memorialísticos do século XX. 

Ninguém deve ter descrito de maneira tão crua a Barbárie cometida pelo ser humano. Realmente, de uma crueza literária brilhante, a maior, melhor e mais terrível descrição do dia a dia da "vida" num campo de extermínio nazi! Abaixo de qualquer possibilidade de compreensão, como é, como foi, possível tornar homens em seres andantes, sem vida, sem alma, sem força, morrer ou sobreviver, um horror contado de maneira pormenorizada, já que provocou sofrimentos atrozes e fora de qualquer humanidade ou perto disso, tanto físicos como psicológicos. Se isto é um Homem!

Fabuloso e terrível este livro de Vassili GroosmanA Vida e Destino, retrato do que é a guerra, o poder discricionário dos ditadores, neste caso, Hitler e Estaline, milhões de mortos provocados pela ambição e ódio desmedidos, pela intolerância, pelo racismo, pela loucura, pela estupidez....um épico descrito de modo ímpar do que se passou ente 1941-42, cerco de Estalinegrado, a fome, a injustiça, os campos de morte, os racionamentos para a esmagadora maioria, o inverno, o inferno. História factual contada com a sua crueza.

Pensamento

Certa vez perguntaram a uma mãe qual era o seu filho preferido, aquele que ela mais amava. E ela, deixando entrever um sorriso, respondeu:

"Nada é mais volúvel que um coração de mãe. E, como mãe, lhe respondo: o filho predilecto, aquele a quem me dedico de corpo e alma...é o meu filho doente até que sare, o que partiu até que volte, o que está cansado até que descanse, o que está com fome até que se alimente, o que está com sede até que beba, o que estuda até que aprenda, o que está com frio até que se agasalhe, o que não trabalha até que se empregue, o que namora até que se case, o que casa até que conviva, o que é pai até que os crie, o que prometeu até que cumpra, o que deve até que pague, o que chora até que se cale. E já com o semblante bem distante daquele sorriso, completou: O que já me deixou....até que o reencontre...

Erma Bombeck

Um escritor de quem aprecio especialmente é Ken Follett, que entre outros escreveu A Coluna de Fogo, um livro excelente, virado para a história o que o torna mais aliciante. Forte e enorme livro que descreve pormenorizadamente o confronto brutal e mortal entre a tolerância e a intolerância, entre os protestantes e os católicos, durante o reinado de Isabel I de Inglaterra. Assim, o confronto entre o trato tolerante desta rainha contra o catolicismo exarcebado dos espanhóis e de Roma. As cortes, as traições, o amor desencontrado, enfim, um hino sobre uma época altamente controversa.

Por algum motivo o livro, Os Loucos da Rua Mazur de João Pinto Coelho, ganhou o prémio Leya. Prodigiosa prosa contada em dois tempos diferentes, o passado, durante a II Guerra Mundial e perto da actualidade, com as personagens jovens no antes, e as sobreviventes e idosas no agora, relembrando de modo nobre, relutante, sombrio, apaixonante o que de horrível, insano, doloroso se passou. A loucura humana levada ao extremo, mais uma vez causada pela guerra e acima de tudo pelas diferenças religiosas, tema incontornável, chega a ser inexplicável ao que o ser humano pode chegar no auge da sua desumanidade.

Ainda me recordo, comprei em Álcacer do Sal, A Pátria de Fernando Aramburu, e em boa hora o fiz. Somente, a partir de duas famílias bascas, inicialmente amigas e inseparáveis, confidentes, parte-se para um romance donde se realça, que, para além da maneira simples de escrever, os efeitos que um conflito, neste caso entre a ETA e o estado espanhol pode mudar tudo, o pensamento, os relacionamentos, o causar sofrimento de uns e outros por motivos que nem sequer conhecem bem, morte, atentados, execuções, ódios, dramas familiares, ao longo de uma estória que demonstra inequivocamente quanto somos minusculos perante as circunstâncias, amigos hoje, inimigos amanhã, por algo estranhamente opaco. Um exercício escrito do que é a fraqueza do ser humano no meio de uma luta levada a cabo sem sentido, com o sofrimento causado sempre sobre os mais inocentes. No fim, a penitência possível, os estragos emocionais e físicos estavam concretizados.

Um delicia de livro, Um Gentleman em Moscovo, escrito por Amor Towles. O correr da leitura vivendo num espaço fechado sem tornar um livro em algo difícil de prosseguir, pelo contrário, não é fácil. Estamos perante uma personagem incontornável, maravilhosamente caracterizada pelo autor, um autêntico cavalheiro exilado num hotel em Moscovo durante 40 anos. Os acontecimentos que vão consecutivamente acontecendo são deveras apaixonantes, personagens convivendo numa época particularmente difícil, devido à mudança de sociedade, de sistema, com a revolução de 1917. Os empregados do hotel, as amizades que inevitavelmente vão surgindo, as crianças/gerações que são acompanhadas pelo conde Rostov, o Gentleman! O fim é belo!

Pensamento........Saudade é chuva, molha a gente por dentro!!!!

Pensamento

A dor, o sofrimento, os olhos a pedirem clemência, os gestos a implorarem basta, não quero por mim, não quero por vocês....a vertigem, o querer fugir, o querer desaparecer,....isto não sou eu,  era eu, jã o não sou....afasta-me esse espelho, o murmúrio....estará a sofrer, estará lúcida, dará por isso....chega....! Já vivi do lado de cá, não permitam que se viva do lado de lá.....deixem ir, com calma, acompanhado....sejamos humanos! Deixem-me voar quando eu quiser....

O romance que serviu de base à obra Que Fazer? de Lenine (que leu cinco vezes num Verão), escrito em 1863 pelo filósofo, jornalista e crítico literário russo Nikolai Tchernichevski. Lenine diz mesmo ter sido esta obra decisiva para a sua conversão à causa revolucionária: - Ele mudou-me completamente, disse em 1904. O Que Fazer?, que sonho de livro, faz de facto sonhar, em todas as vertentes, o sonho está presente, na escrita, nos diálogos, na elegância da história. Um sonho que sobretudo os jovens tinham  naquela época, declínio do czarismo e aparecimento de manifestações cada vez mais fortes de descontentamento, o sonho de alterar o estado de coisas, um sonho, igualmente, na maneira como o autor entra em diálogo com o leitor, um sonho na criação das personagens, na interacção que existe entre elas, na descrição dos momentos e locais vividos durante o romance, sonho na doçura dos sentimentos. Dos melhores!!!

Poderoso é o livro que li de Rachel KuschnerO Quarto de Marte, escrito com linguagem forte. Tem como base a vida prisional no feminino, prisões perpétuas, prisões do corredor da morte, lutas fortemente emocionais e físicas, confrontos com a indiferença dos guardas prisionais, o que as presidiárias deixam para trás na sua vida civil, filhos, perdas irreparáveis, lutas interiores, o tentar reatar laços perdidos, mesmo que essa tentativa seja feita através de pretextos errados e falsos. Simultaneamente, também a descrição de quem se dirige às prisões para ensinar e dar algum apoio. A perda da vida real, duro, dá que pensar, o que somos o que podemos vir a ser, de repente. Escritora a reler.

Livro enternecedor sem deixar de ser duramente real de John BanvilleO Mar. Uma história comovente de amor, adolescência, desencontros, sentimentos, pensamentos que a todos nós ocorre ao longo da vida. Desde os conhecimentos da juventudo até perto da velhice e em crescendo o que assola uma mente com as experiências que vamos consecutivamente vivendo, Brilhante, prende-nos às personagens de modo que, quase convivemos com elas....triste mas vivo. Para reler certamente! É um livro sobre o Mar, junto ao Mar, poético.

Pensamento

Uma vez um homem encontrou duas folhas e entrou em casa segurando-as com os braços esticados, dizendo aos pais que era uma árvore. Ao que eles disseram, então vai para o pátio e não cresças na sala pois as tuas raízes podem estragar a carpete. Ele disse, eu estava a brincar, não sou uma árvore e deixou cair as folhas. Mas os pais disseram, olha é Outono.

Um tema incontornável para quem gosta de história é a Máfia italiana, assim, tive sorte no livro de Roberto SavianoOs Meninos da Camorra. Brutal pela forma como está escrito sobre a assustadora realidade, os meninos, crianças, jovens metidos num beco sem saída, nas malhas da máfia, cresceram rodeados desse ambiente, absorveram os truques, o maquiavelismo, a linguagem e assim se tornaram criminosos e fazem sofrer para ser melhor que outros com os quais competem, não descansando nesse intento. A história aqui contada é de uma crueza esmagadora e leva-nos a penetrar num mundo negro e inclemente.

A Peste de Albert Camus, uma narração pungente de uma situação de calamidade, uma cidade fechada por causa de uma peste transmitida por ratos, e as consequências que daí advêm. O desmoronamento físico e psicológico dos habitantes sitiados, a morte presente e em crescendo, o sofrimento a ela associado descrito de maneira crua, a separação entre familiares, amantes e amigos, a luta desanimada contra a doença que a todos ataca, a todos ameaça. Um testemunho de um médico que muito perde com a separação e a subsquente morte da mulher, os amigos que sofrem e desaparecem, e que não obstante, não vira a cara ao drama e aos paradoxos que vão surgindo. Finalmente, o voltar ao normal, se há normal, a saída do pesadelo.

Um clássico que nunca passa de moda, Miguel Strogoff de Jules Verne! Há Muitos anos adorei o filme, agora amei este livro. Uma autêntica odisseia contada de modo sublime e arrepiante. O heroísmo incomensurável desempenhado pela personagem, Miguel Strogoff, é brilhante, ultrapassa qualquer tipo de emoção normal que se possa ter. Impressionante a descrição dos feitos, percurso, perigos, obstáculos, clima, amor ao limite que nos leva a sonhar e a entrar no livro desejando rapidamente virar a página para ver o que se segue. A isto tudo pode se aliar o que se conta acerca das paisagens, locais, costumes dos vários povos relatados nesta história memorável. Miguel, Nádia, Marta Strogoff, Emir, Ivan, Grão Duque, Vassili....Jules Verne.....obrigado por estes momentos inolvidáveis. Ambientado no longínquo império russo, narra as aventuras do intrépido herói, que necessita de percorrer 5 500 km de obstáculos quase insuperáveis, entre os exércitos de traidores do czar, para entregar ao Grão-Duque, na cidade de Irkutsk, na Sibéria, uma mensagem secreta que o soberano lhe confiara. Suportando todo o tipo de dificuldades e de obstáculos, submetido a humilhações e tortura durante esse longo percurso pelo exótico interior do continente asiático, o herói surge como um modelo de perfeição e virtude, forte e corajoso, a quem nada consegue deter no cumprimento de sua missão.

Jules Verne

Pensamento

"Não tenha medo de perder pessoas......

Tenha medo de perder quem você é, ao tentar agradar a todos"

Um livro que eu diria, delicioso, é Memórias de uma Gueixa de Arthur Golden. Livro que aborda uma temática de modo romanceado de uma civilização tão diferente da ocidental, o Japão com as suas tradições, os seus truques, as suas emoções, os seus sentimentos, tudo pela escrita biográfica de uma Gueixa. O sofrimento incomensurável, o fazer-se adulta entre pessoas distintas e estranhas à sua família da qual foi retirada/vendida, a luta incessante nessa nova vida de entrega como criada, como aprendiza, como gueixa, como amante, como mulher num mundo de homens! Deliciosa porque é contada de modo doce, travesso, fácil e homogéneo no aspecto cronológico. Aprendemos através dos olhos de uma gueixa desde criança até mulher adulta, o que é o mundo e as emoções a ele associadas, um mundo culturalmente diferente!

O Legado de Yrsa Sigurdardóttir, um livro pleno de raça e surpresas seguidas, um hino à violência, à demência, à pista falsa, ao surpreendente final como merece um excelente policial! Yrsa consegue tornar uma história de violência desmedida e louca num livro cheio de linhas que nos conduzem para um hipnotismo e no qual cada virar de página é um espanto, uma surpresa. Para juntar a isso, um final comovente e com um sinal de esperança no meio da loucura sempre presente.

Pensamento

Viver sem ler seria como viver sem.........viver

Kristin Hannah no seu O Rouxinol, deixa-nos sem respiração, tal a realidade que se verte para as linhas deste livro, por mais que se leia sobre o tema da II Grande Guerra, nunca se leu tudo, neste livro está retratado todo o sofrimento, toda a loucura que uma guerra personifica, mas também, está presente e de que maneira, a força, o amor, a resistência do ser humano para suportar, para lutar contra tanto horror, contra o impensável. Um louvor ao ser humano e à superioridade do amor sobre o ódio! Uma frase, "....apercebendo-se já tarde demais que não tinha cabelo para aninhar a trás da orelha....". Extremamente doloroso.